ALERP
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28/11/2024 10:00:52 | Por: Francisco de Assis Sousa | Visitas: 79
Foto: ALERP
Já havia visitado o MAM em outra oportunidade. A minha companhia, naquela tarde de outubro, preferia ficar olhando as embarcações na marina da Glória, do que permanecer comigo no interior do museu. Com isso, não me senti confortável e decidi sair antes de percorrer razoavelmente as salas de visitação. A minha estada na cidade maravilhosa ainda duraria alguns dias. Assim, me conformei: “Voltarei em outro momento”, pensei. Afinal, estava hospedado no Catete, não era tão longe dali e a estação do metrô ficava logo na calçada do hotel. Do outro lado da rua, estava o museu da República, assunto para uma outra crônica.
A passagem rápida pelo Museu de Arte Moderna não me saia da cabeça. Eu precisava de tempo, mais tempo para conferir as fotografias, fazer a leitura das legendas, ler as pinturas e as demais formas de arte ali exposta. No dia seguinte, à tarde, levantei da cama decidido, tomei banho, me vesti, não desci para pegar o metrô; atravessei a rua, passei por dentro do jardim do palácio do Catete e segui, em passos largos e vigilantes, pelo aterro do Flamengo.
A cada metro percorrido, sentia a sensação de estar de fato bebendo, comendo, degustando aquela parte gostosa do Rio de Janeiro. Olhar atento, de um lado e de outro, fui cortando as vias, por onde trafegavam os veículos, fora da faixa de pedestre. Enquanto a caminhada avançava e dividia o espaço com ciclistas e corredores, me aproximava cada vez mais do mar. Aquela areia branquinha parecia me olhar, ao tempo em que, soprada pelo vento, se enroscava no lastro do meu chinelo. As árvores que me seguiam em sombras me cobriam, protegiam-me do sol e logo cheguei ao monumento de homenagem aos pracinhas, combatentes brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial. Naquele instante, as imagens das embarcações atracadas na marina da Glória sinalizavam que o MAM estaria logo depois.
Ao cruzar os jardins projetados por Burle Marx, estava eu, novamente, às portas daquele prédio monumental desenhado a partir da prancheta de Affonso Eduardo Reidy. Na primeira sala, o olhar fotográfico de Evandro Teixeira e o icônico registro do estudante de medicina caindo, resultante da perseguição policial na famosa “sexta-feira sangrenta”, publicada na primeira página do Jornal do Brasil, em 22 de junho de 1968.
Nas salas seguintes, aconteceu o tão esperado encontro com a mais fina representação da pintura moderna brasileira. Por lá estavam: Tarsila do Amaral e o “Vendedor de frutas” (1925); Di Cavalcanti e o seu “Mesa de bar” (1929); Anita Malfatti com “A japonesa” (1924); Lasar Segal com seu “Auto-retrato” (1935); mais um Di Cavalcanti, “Mulata com leque” (1937); Cândido Portinari e “A Paisagem de Brodowsky” (1940) e, para pontuar uma expressão bem mais recente e exótica, destaco o “Hexagrama Atlântico” (2014), conjunto de arte figurativa de autoria do artista visual maranhense, Thiago Martins de Melo.
Fundado em 1948, o MAM possui um acervo composto por 16 mil obras. O foco da coleção está na arte brasileira e na fotografia. É um dos endereços culturais mais importantes do Rio de Janeiro e traduz muito a riqueza cultural do nosso país. Em 2024, passou por uma revitalização e foi a sede do encontro internacional do G-20, cúpula que reúne os países detentores das maiores economias do mundo, nos dias 18 e 19 de novembro. Após a visita que abraçou outras salas e outras obras, não menos importantes do que as já citadas, ainda dei um pulinho no Santos Dumont, porta de entrada e de saída da cidade que é beijada pela baía de Guanabara.
Francisco de Assis Sousa é professor, cronista e presidente da Academia de Letras da Região de Picos -ALERP
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